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Brincar aos países crescidos
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Brincar aos países crescidos
O Commerzbank enviou um relatório aos seus clientes com várias notas preocupantes sobre os caminhos que o governo português anda a seguir. Os alertas vão desde a inversão de marcha em privatizações até ao aumento da despesa pública, sem esquecer as mudanças no mercado de trabalho, o aumento de encargos para as empresas e até a reposição dos feriados.
Por este andar, temem os economistas do banco alemão, o país arrisca um recuo na competitividade, um défice acima de 3%, uma descida de ‘rating’, talvez um novo resgate. Portugal, acusam, voltou a ser uma “criança problemática” da zona euro.
Por cá, as reacções dividiram-se entre uns indignados que assinam por baixo os medos do banco alemão e outros indignados que acusam a falta de credibilidade do Commerzbank, quando ele próprio já foi salvo pelo Estado germânico ou enfrentou suspeitas de branqueamento de capitais. A origem ou reputação do banco, contudo, contam pouco para esta discussão. Porque o que realmente está em causa são os avisos ali apontados – e que outros especialistas, outras instituições, repetem. Ainda esta semana, voltaram a ser lembrados pela Universidade Católica.
Alertam para o elevado endividamento, o aumento das importações, uma potencial subida dos custos de financiamento, o impacto imprevisível de outras economias. E temem que as mudanças da política orçamental comprometam o ritmo de crescimento previsto.
Nada disto é novo. Há muito que os riscos estão à vista e a ser discutidos com Bruxelas. E, se a austeridade cega não resolveu tudo, também não é certo que as novas políticas de desafogo o consigam. É como se uma criança saísse de um castigo humilhante para passar a fazer tudo o que lhe apetece, sem respeitar regras ou pensar nas consequências. O problema, antes como agora, continua a ser o Estado e a forma como se governa – ou melhor, desgoverna.
Porque, por mais que mudem os governos, o essencial continua por mudar. É o Estado e as suas mordomias (como o vergonhoso caso das subvenções vitalícias dos deputados), é o Estado e os seus privilegiados (que contribuem, por exemplo, para alargar o fosso entre funcionários públicos e privados), é o Estado e os seus excessos (que se manifestam em decisões de compra de faqueiros de prata e outros caprichos), é o Estado e os seus absurdos (como, por exemplo, ouvir um ministro da Educação a assumir que “o sucesso escolar é o grande entrave ao progresso das qualificações, à mobilidade social”).
Enquanto não se levarem a sério – e até ao fim – as reformas de estrutura e de mentalidade de que o país precisa, continuará a haver riscos e desequilíbrios. E de nada vale insultar os mercados, chamar-lhes bandidos e levantar a voz contra as instituições internacionais se o país continuar a fazer asneiras e a bater-lhes à porta de mão estendida.
Quem não os quer por perto, que garanta a autonomia e o respeito para as manter longe. Se não queremos ser tratados como “crianças problemáticas”, então é melhor parar de brincar com coisas sérias.
00:05 h
Helena Cristina Coelho
Económico
Por este andar, temem os economistas do banco alemão, o país arrisca um recuo na competitividade, um défice acima de 3%, uma descida de ‘rating’, talvez um novo resgate. Portugal, acusam, voltou a ser uma “criança problemática” da zona euro.
Por cá, as reacções dividiram-se entre uns indignados que assinam por baixo os medos do banco alemão e outros indignados que acusam a falta de credibilidade do Commerzbank, quando ele próprio já foi salvo pelo Estado germânico ou enfrentou suspeitas de branqueamento de capitais. A origem ou reputação do banco, contudo, contam pouco para esta discussão. Porque o que realmente está em causa são os avisos ali apontados – e que outros especialistas, outras instituições, repetem. Ainda esta semana, voltaram a ser lembrados pela Universidade Católica.
Alertam para o elevado endividamento, o aumento das importações, uma potencial subida dos custos de financiamento, o impacto imprevisível de outras economias. E temem que as mudanças da política orçamental comprometam o ritmo de crescimento previsto.
Nada disto é novo. Há muito que os riscos estão à vista e a ser discutidos com Bruxelas. E, se a austeridade cega não resolveu tudo, também não é certo que as novas políticas de desafogo o consigam. É como se uma criança saísse de um castigo humilhante para passar a fazer tudo o que lhe apetece, sem respeitar regras ou pensar nas consequências. O problema, antes como agora, continua a ser o Estado e a forma como se governa – ou melhor, desgoverna.
Porque, por mais que mudem os governos, o essencial continua por mudar. É o Estado e as suas mordomias (como o vergonhoso caso das subvenções vitalícias dos deputados), é o Estado e os seus privilegiados (que contribuem, por exemplo, para alargar o fosso entre funcionários públicos e privados), é o Estado e os seus excessos (que se manifestam em decisões de compra de faqueiros de prata e outros caprichos), é o Estado e os seus absurdos (como, por exemplo, ouvir um ministro da Educação a assumir que “o sucesso escolar é o grande entrave ao progresso das qualificações, à mobilidade social”).
Enquanto não se levarem a sério – e até ao fim – as reformas de estrutura e de mentalidade de que o país precisa, continuará a haver riscos e desequilíbrios. E de nada vale insultar os mercados, chamar-lhes bandidos e levantar a voz contra as instituições internacionais se o país continuar a fazer asneiras e a bater-lhes à porta de mão estendida.
Quem não os quer por perto, que garanta a autonomia e o respeito para as manter longe. Se não queremos ser tratados como “crianças problemáticas”, então é melhor parar de brincar com coisas sérias.
00:05 h
Helena Cristina Coelho
Económico
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