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Dívida, o próximo ‘round’
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Dívida, o próximo ‘round’
Aprovado o Orçamento sem fendas à esquerda, António Costa festejou de forma exuberante. Um aperto de mão a Catarina Martins para o boneco televisivo. Mas o primeiro ‘round’ foi só um primeiro e o segundo, já à espreita, esse sim, é decisivo.
Chama-se renegociação da dívida e é de alto risco. Se tropeçar, Costa arrisca tudo. Mas se o ganhar, atenção!, será difícil parar a geringonça.
Eis o ponto onde estamos. Os encargos com a dívida pública portuguesa ultrapassam o orçamento da Saúde, impera a irracionalidade, esta dívida não se paga. Mas há nesta história uma frase proibida – quem disser “não pagamos”, morre. António Costa e Mário Centeno sabem-no, tão bem quanto Pedro Passos Coelho.
Dependentes do Partido Comunista e do Bloco – que mal aprovaram o Orçamento saltaram para cima da mesa –, Costa e Centeno estão obrigados a não meter o assunto na gaveta. Para já, fazem o que podem: dizem-se “abertos” ao tema, mas indisponíveis para o suscitar.
No debate do Orçamento, as televisões mostraram um momento, o momento. Ao ver o seu ministro das Finanças entrar na discussão, o primeiro-ministro sussurrou: “no contexto europeu, no contexto europeu”. Pudera! Armar-se em cavaleiro andante da renegociação da dívida é morrer em directo. Costa sabe que é fundamental que outros avancem e sabe que, como ontem disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Bruxelas só está disponível para discutir o tema em relação à Grécia.
O Partido Comunista e o Bloco têm pressa. Querem marcar a agenda e consideram o tema prioritário. E Costa, apertado pelo segundo ‘round’, manda avançar Augusto Santos Silva, o seu ‘bulldozer’ político de eleição. E o que diz o ministro à Antena 1? Que o tema da dívida se vai colocar “de forma implícita ou explícita”, algures entre a Primavera e o Verão, quando o Governo entregar o programa de estabilidade. Ensaiar uma calendarização difusa é o que há, para já, para saciar a volúpia dos parceiros. O “tema em aberto” não permite precipitações.
O que mexe nos bastidores, ninguém sabe. António Costa não pode dizer uma palavra sobre a gestão secreta do ‘dossier’. Mas sabe que comunistas e bloquistas não vão desistir e que dentro do seu partido há quem seja pela renegociação. Ferro Rodrigues e João Galamba são apenas dois exemplos. A discussão não vai parar. E no calendário de Santos Silva, há pouco tempo para preparar este ‘round’. Um ‘round’ decisivo.
Se o tema tabu for tratado de forma implícita no novo programa de estabilidade, a geringonça voltará a tremer. Se a coisa avançar para uma abordagem mais explícita, António Costa pode ter uma vitória histórica. Por ele? Não. Pela conjuntura. Passos Coelho ficará para a história por ter conduzido o país de forma determinada, resistente e corajosa num resgate tormentoso. Mas Costa pode perdurar por, à frente de um governo que aprova orçamentos com a esquerda radical, saber estar no lugar certo à hora certa.
Se a Europa começar a abrir o tema tabu, António Costa ganha a legislatura. Não merecerá outro mérito do que o que consta do adágio popular: a sorte protege os audazes. Mas nunca ninguém disse que a política era justa.
00:06 h
Raul Vaz
Económico
Chama-se renegociação da dívida e é de alto risco. Se tropeçar, Costa arrisca tudo. Mas se o ganhar, atenção!, será difícil parar a geringonça.
Eis o ponto onde estamos. Os encargos com a dívida pública portuguesa ultrapassam o orçamento da Saúde, impera a irracionalidade, esta dívida não se paga. Mas há nesta história uma frase proibida – quem disser “não pagamos”, morre. António Costa e Mário Centeno sabem-no, tão bem quanto Pedro Passos Coelho.
Dependentes do Partido Comunista e do Bloco – que mal aprovaram o Orçamento saltaram para cima da mesa –, Costa e Centeno estão obrigados a não meter o assunto na gaveta. Para já, fazem o que podem: dizem-se “abertos” ao tema, mas indisponíveis para o suscitar.
No debate do Orçamento, as televisões mostraram um momento, o momento. Ao ver o seu ministro das Finanças entrar na discussão, o primeiro-ministro sussurrou: “no contexto europeu, no contexto europeu”. Pudera! Armar-se em cavaleiro andante da renegociação da dívida é morrer em directo. Costa sabe que é fundamental que outros avancem e sabe que, como ontem disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Bruxelas só está disponível para discutir o tema em relação à Grécia.
O Partido Comunista e o Bloco têm pressa. Querem marcar a agenda e consideram o tema prioritário. E Costa, apertado pelo segundo ‘round’, manda avançar Augusto Santos Silva, o seu ‘bulldozer’ político de eleição. E o que diz o ministro à Antena 1? Que o tema da dívida se vai colocar “de forma implícita ou explícita”, algures entre a Primavera e o Verão, quando o Governo entregar o programa de estabilidade. Ensaiar uma calendarização difusa é o que há, para já, para saciar a volúpia dos parceiros. O “tema em aberto” não permite precipitações.
O que mexe nos bastidores, ninguém sabe. António Costa não pode dizer uma palavra sobre a gestão secreta do ‘dossier’. Mas sabe que comunistas e bloquistas não vão desistir e que dentro do seu partido há quem seja pela renegociação. Ferro Rodrigues e João Galamba são apenas dois exemplos. A discussão não vai parar. E no calendário de Santos Silva, há pouco tempo para preparar este ‘round’. Um ‘round’ decisivo.
Se o tema tabu for tratado de forma implícita no novo programa de estabilidade, a geringonça voltará a tremer. Se a coisa avançar para uma abordagem mais explícita, António Costa pode ter uma vitória histórica. Por ele? Não. Pela conjuntura. Passos Coelho ficará para a história por ter conduzido o país de forma determinada, resistente e corajosa num resgate tormentoso. Mas Costa pode perdurar por, à frente de um governo que aprova orçamentos com a esquerda radical, saber estar no lugar certo à hora certa.
Se a Europa começar a abrir o tema tabu, António Costa ganha a legislatura. Não merecerá outro mérito do que o que consta do adágio popular: a sorte protege os audazes. Mas nunca ninguém disse que a política era justa.
00:06 h
Raul Vaz
Económico
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