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Há barulho a mais
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Há barulho a mais
Apesar das crises, económica, social e ambiental, as sociedades modernas/atuais continuam a usufruir de uma panóplia de recursos e comodidades nunca antes experienciada. O momento excecional da história da humanidade e do desenvolvimento tecnológico que temos vivido tem significado a oportunidade de usufruto de um assombroso acréscimo na nossa qualidade de vida, oportunidade esta que não raras vezes desperdiçamos pelo frenesim de querermos sempre mais. Hoje temos tecnologia capaz de explorar os recursos do Planeta até à exaustão e, porque podemos, fazemo-lo. Mas esta pressa de ter e fazer cada vez mais, perdendo a noção do suficiente e embarcando no caminho do exagero, tem consequências. Uma das mais imediatas é o desperdício da possibilidade e da oportunidade de viver bem, com qualidade de vida.
Pois é, a mesma sociedade que nos dá a comodidade do automóvel e do micro-ondas ou da televisão e da internet também traz consigo um conjunto diversificado de problemas e desequilíbrios que tendem a anular boa parte da qualidade de vida que poderíamos usufruir. Um problema cada vez mais presente entre nós e resultado do reboliço em que vivemos é o excesso de ruído. Embora sejam frequentes as queixas relativas ao ruído de vizinhança, basta olhar para os mapas de ruído que os municípios têm desenvolvido para percebemos de imediato que a principal raiz deste problema, que diariamente nos inferniza a vida, é o tráfego automóvel.
Quanto maior for o trânsito na via maior será a intensidade do ruído, não só por causa dos motores mas também pelo rolar dos pneus no asfalto, além de um ou outro veículo com escapes adulterados, em particular as moto-quatro, que parecem abrir-nos a alma de cima abaixo. Residir nas imediações de uma via de trânsito com algum tráfego automóvel, que nem precisa ser muito intenso, é a garantia de não ter descanso.
Os aglomerados urbanos tornaram-se tão ruidosos que já não se ouvem os sons de fundo que nos eram tão familiares há algum tempo, alguém a falar, um galo a cantar, a água a correr, a brisa nas folhas das árvores, o som dos passarinhos, mas pior que este saudosismo são as consequências graves para a saúde pública e qualidade de vida. A habituação faz com que, na maior parte dos casos, não tenhamos consciência do poço de ruído em que estamos enfiados, mas os seus efeitos estão lá. Além do incómodo, do stress e da interferência na comunicação entre as pessoas, o excesso de ruído provoca problemas graves de saúde, nomeadamente ao nível cardiovascular e mental. Ignorar os efeitos deste problema na vida das pessoas e na qualidade do ambiente é um erro muito comum que tem como consequência pouco ou nada ser feito para o minimizar. E fazer alguma coisa implica, no mínimo, fiscalizar. É impressionante a quantidade de veículos que não cumpre os limites de emissão de ruído, em particular devido a alterações operadas nos seus sistemas de escape (como passam nas inspeções?!). Além do que deve merecer quem cá reside, o facto de sermos uma Região turística deveria ser um motivo para agir na minimização do ruído pois é um problema que contribui para a degradação da qualidade do destino.
Tal como tenho constatado em anos anteriores, agora que se aproxima a Primavera, os nossos melros-pretos vão começar a cantar às 3 da manhã pois até eles já perceberam que é das poucas horas em que conseguem fazer-se ouvir nos territórios mais ruidosos.
Hélder Spínola, Professor universitário
Diário de Notícias da Madeira
Terça, 15 de Março de 2016
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