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Palavras sem poder
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Palavras sem poder
Os primeiros parágrafos da notícia escreveram-se em letras inquietas, rodeadas de dúvidas. Um jovem de 20 anos tinha morrido durante a madrugada e tudo apontava para uma agressão brutal durante uma luta entre universitários no Porto. De imediato surgiram comentários indignados. Sendo 1 de abril, havia quem considerasse que o "Jornal de Notícias" estava a fazer uma brincadeira de mau gosto.
A atitude com que hoje se comenta a atualidade nas redes sociais merece aturadas análises. Porque se tanto discutimos a responsabilidade acrescida dos média num tempo em que a informação circula com tamanha voracidade, igual reflexão merece a falta de cuidado com que hoje circulamos no espaço público. Que todos tenhamos possibilidade de dizer o que pensamos, deverá ser um aprofundamento da igualdade de participação. Mas se esse dizer tudo for considerado isento de responsabilidade e de sentido crítico, estaremos efetivamente a acrescentar ou a ganhar seja o que for?
A impulsividade com que hoje reagimos à informação deve fazer-nos refletir. A todos. Os meios de comunicação têm, mais do que nunca, a tremenda responsabilidade de ser cuidadosos e de fazer o que o jornalismo tem de diferenciador: o exercício da verificação e do contraditório. Na enorme rede em que tudo circula, é preciso que quem lê possa confiar em quem escreve.
Mas também as entidades oficiais devem ser mais cuidadosas do que nunca naquilo que decidem comunicar. Em áreas como a segurança, informação não verificada pode ser prejudicial. Viu-se, no caso do jovem morto sexta-feira, que muitos dos alarmismos iniciais eram infundados e que a morte se terá devido a uma queda acidental. E num tempo em que vivemos alguma histeria em torno de temas como o terrorismo, a reatividade é uma doença a evitar.
Ao mesmo tempo que era difundida internacionalmente uma mensagem do Estado Islâmico que visa explicitamente Portugal, o relatório anual de segurança interna usa pela primeira vez uma linguagem que aponta para a existência de atividades de apoio logístico e de recrutamento de jiadistas em território nacional. Não pode haver minimização na investigação policial nem na cooperação entre as autoridades dos diferentes estados da União Europeia. Nem podemos considerar-nos demasiado insignificantes ou distantes para nos excluirmos de um eventual risco de ataque.
Temos, contudo, que confiar que os serviços de segurança funcionam, sem que os responsáveis políticos tenham de fazer alarde disso. Sem alarmismos no discurso oficial. Sem ruído no espaço público. Se há algo que se aprende a ler o muito que se comenta nas redes, é que tanta proliferação de letras não nos ensinou ainda o poder da palavra.
SUBDIRETORA
INÊS CARDOSO
04 Abril 2016 às 00:04
Jornal de Notícias
A atitude com que hoje se comenta a atualidade nas redes sociais merece aturadas análises. Porque se tanto discutimos a responsabilidade acrescida dos média num tempo em que a informação circula com tamanha voracidade, igual reflexão merece a falta de cuidado com que hoje circulamos no espaço público. Que todos tenhamos possibilidade de dizer o que pensamos, deverá ser um aprofundamento da igualdade de participação. Mas se esse dizer tudo for considerado isento de responsabilidade e de sentido crítico, estaremos efetivamente a acrescentar ou a ganhar seja o que for?
A impulsividade com que hoje reagimos à informação deve fazer-nos refletir. A todos. Os meios de comunicação têm, mais do que nunca, a tremenda responsabilidade de ser cuidadosos e de fazer o que o jornalismo tem de diferenciador: o exercício da verificação e do contraditório. Na enorme rede em que tudo circula, é preciso que quem lê possa confiar em quem escreve.
Mas também as entidades oficiais devem ser mais cuidadosas do que nunca naquilo que decidem comunicar. Em áreas como a segurança, informação não verificada pode ser prejudicial. Viu-se, no caso do jovem morto sexta-feira, que muitos dos alarmismos iniciais eram infundados e que a morte se terá devido a uma queda acidental. E num tempo em que vivemos alguma histeria em torno de temas como o terrorismo, a reatividade é uma doença a evitar.
Ao mesmo tempo que era difundida internacionalmente uma mensagem do Estado Islâmico que visa explicitamente Portugal, o relatório anual de segurança interna usa pela primeira vez uma linguagem que aponta para a existência de atividades de apoio logístico e de recrutamento de jiadistas em território nacional. Não pode haver minimização na investigação policial nem na cooperação entre as autoridades dos diferentes estados da União Europeia. Nem podemos considerar-nos demasiado insignificantes ou distantes para nos excluirmos de um eventual risco de ataque.
Temos, contudo, que confiar que os serviços de segurança funcionam, sem que os responsáveis políticos tenham de fazer alarde disso. Sem alarmismos no discurso oficial. Sem ruído no espaço público. Se há algo que se aprende a ler o muito que se comenta nas redes, é que tanta proliferação de letras não nos ensinou ainda o poder da palavra.
SUBDIRETORA
INÊS CARDOSO
04 Abril 2016 às 00:04
Jornal de Notícias
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