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MARCELO REBELO DE SOUSA: Esta crónica não é política

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MARCELO REBELO DE SOUSA: Esta crónica não é política Empty MARCELO REBELO DE SOUSA: Esta crónica não é política

Mensagem por Admin Ter Jun 07, 2016 10:23 am

Estamos fartos de discursos e discursatas; de penosas sessões oficiais; de gente enfatiotada que pára o tempo e nos obriga a permanecer sentados para os ouvir dizer coisas chatas e previsíveis.

Todos sabemos que este Presidente da República não é igual aos outros nem nunca será. Ainda bem. Faz-nos sempre falta alguém capaz de ouvir e actualizar ao momento aquilo que ouviu, sistematizando e sublinhando o essencial. Estamos fartos de discursos e discursatas; de longas e penosas sessões oficiais; de gente enfatiotada que pára o tempo e nos obriga a permanecer sentados (ou de pé, que é ainda pior) para os ouvir ler e dizer coisas chatas, maçadoras e muitas vezes previsíveis.

Marcelo é de tal maneira imprevisível que essa será, porventura, a sua única previsibilidade: escapar a todos os protocolos para fazer as coisas sempre à sua maneira. Numa escala nacional é o primeiro que rompe radicalmente essa rotina protocolar. Ou o segundo, vá lá, pois Mário Soares também quebrava muitas vezes o protocolo para chegar onde queria. Vi isso em muitas viagens presidenciais, em especial na Grécia, nos anos 80, quando ficámos todos debaixo de um intenso nevão e ele se escapuliu do castelo onde ficou refém da neve, acompanhado de Christos Sartzetakis, Presidente grego na altura, mais a sua comitiva oficial. Lembro-me de subitamente o vermos aparecer no espaço reservado aos jornalistas, em pleno comboio parado em plena linha, provocando uma gargalhada geral com aquele seu tom teatral: “Uff, consegui livrar-me daqueles chatos!”.

Também vi Mário Soares quebrar muitos outros protocolos nas suas presidências abertas, para ouvir pessoas em crise ou sofrimento. Num dia desses idos de 80, em Ponta Delgada, vi-o sair da linha oficial para vir ajeitar o nó da gravata que eu por acaso usava nesse mesmo dia, para me dizer ao segredo que estava solidário comigo depois de uma resposta ofensiva e muito agressiva que o líder político açoreano me tinha dado em directo, para a RTP, achando do alto da sua majestade que não podia ser interrogado sobre questões que não lhe convinham.

Cavaco Silva, justiça lhe seja feita, apesar de ser um Presidente mais protocolar, também deu muitos passos na direcção de pessoas que o interpelavam, e também ele parou muitas vezes para as ouvir e poder conversar (todos sabemos que gostava muito mais dos populares do que dos jornalistas), mas era muitíssimo mais rigoroso e previsível na sua actuação pública.

Comecei por falar de Marcelo e da sua falta de protocolo, achando que era único, mas agora que puxo o filme para trás, recordo muitos outros momentos e muitos outros gestos dos outros Presidentes, e realmente tenho que fazer justiça à originalidade de cada um. Já volto a Marcelo, mas antes ainda tenho que dizer que quando Jorge Sampaio chorou em público também provou ser sensível à sensibilidade dos outros. Somou pontos e tornou-se ainda mais humano, pois a sua marca era a de uma inteligência racional, britânica, e essa quebra fez com que parecesse mais português.

E sobre Ramalho Eanes, que dizer? Também recordamos a sua década e a sua atitude de militar honrado e extraordinariamente contido, que se comovia com a humanidade dos outros. Passadas décadas, continua a ser o mesmo homem contido, honrado e solidário.

Voltando então a Marcelo, estive na sessão de entrega de prémios do Concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, na Gulbenkian, e ouvi o que todos ouvimos numa sessão a transbordar de gente entusiasta. A tarde já tinha sido brutalmente inspiradora, depois dos testemunhos de sete portugueses convidados a falarem sobre a sua arte, a sua ciência e experiência dentro e fora de Portugal, perante uma plateia cheia de pessoas de todas as gerações. Muitos dos que encheram o auditório moram fora do país, mas também estavam presentes muitos que vivem, estudam e trabalham cá.

Marcelo não assistiu ao painel dos sete magníficos, que foram capazes de falar apenas dez minutos cada um (uma verdadeira proeza, dada a inclinação natural de todos os portugueses para se alongarem até à náusea) e, tão importante como esta faculdade de síntese, revelaram grandeza ao partilharem tanto, em tão pouco tempo. Não estava presente porque não só tem uma agenda diária de doidos, como nesse mesmo dia era anfitrião de Martin Schulz, o presidente do Parlamento Europeu, com quem jantou imediatamente a seguir à sessão da Gulbenkian. Não esteve, não viu nem ouviu o que cada um disse e projectou, portanto.

Não ouviu a jovem cientista Zita Martins falar da paixão com que investiga a vida em Marte e coordena agora as missões espaciais para as Luas de Júpiter, também em busca de sinais de vida (ela, que recebeu por mérito e sozinha uma bolsa de 1 milhão de libras da Royal Society, a instituição científica mais antiga do mundo); não viu nem ouviu a extraordinária performance do músico Noiserv, que esgota salas de concerto dentro e fora de Portugal e levou para o palco alguns dos seus fabulosos instrumentos; não vibrou com a eloquência, a visão e a estratégia do Francisco Guimarães, Mister, e um dos treinadores de futebol mais novos do mundo (começou aos 15 anos e acaba de fazer 19), que sublinhou qualidades nacionais como a perserverança e a capacidade de sonhar e trabalhar arduamente para realizar os sonhos.

Marcelo não estava e, por isso, não se comoveu com Mamadu Baldé, guineense, empreendedor, professor de História e líder da Academia Ubuntu, quando falou da mudança que está a criar no seu país e disse frases-poema como “de vida em vida, vamos crescendo e transformando as novas gerações de guineenses”; não assistiu a uma silent performance tocante da Madalena Alberto, uma das nossas cantoras de teatro musical mais celebradas no estrangeiro, a melhor Evita de sempre nos palcos de Londres e actualmente uma West End leading lady ( está temporariamente sem voz e, por isso, impedida de falar); não se fascinou com a narrativa absolutamente inovadora do arquitecto Camilo Rebelo, co-autor do Museu do Côa, quando mostrou casas, museus e prédios seus arquitectados pelo mundo, premiados e documentados por grandes cadeias de televisão internacionais.

Finalmente, Marcelo não se desmanchou a rir com a surpreendente performance de Natasha Marianovich, a actriz sérvia que também já é portuguesa e fez teatro infiltrado, emergindo da plateia a espaços para falar e subir ao palco, confundindo todos os presentes, contrariando alguns, mas acima de tudo encantando a assembleia com a sua graça, a sua coragem e a inteligência delirante com que nos descreve a nós, portugueses, nos nossos tiques tão únicos. Tudo isto numa tarde em que a interpelação geral, o ponto de partida e de chegada era pensarmos alto e em conjunto sobre um tema sobre o qual escrevi recentemente, neste mesmo espaço: “O que seria do mundo sem os portugueses?”

Marcelo, o Presidente da República, chegou depois deste painel de talentos luminosos e iluminantes. Chegou e sentou-se na sua cadeira presidencial entre outros presidentes. O da Gulbenkian e o da Cotec, o outro patrocínio deste concurso de ideias de portugueses inovadores na diáspora, que concorrem aliados a portugueses igualmente empreendedores que vivem e trabalham cá.

Lidos os discursos oficiais apropriados para o momento, Marcelo levantou-se e dirigiu-se ao púlpito onde já tinha sido depositado um discurso impecavelmente articulado e impresso. Apoiado sobre os cotovelos e inclinado sobre os 34 finalistas deste concurso de ideias que mudam a paisagem nacional, o Presidente nem sequer olhou para o discurso. Falou de improviso, com o coração, e tocou todos os pontos, absolutamente todos os pontos essenciais daquela tarde, para aquele tema e aquela circunstância. Durante quase uma hora foi outra vez o Marcelo que as pessoas se habituaram a ouvir falar de temas extra-política. O homem que humanizava os seus comentários políticos quando enunciava listas de pessoas e projectos que fazem a diferença no mundo e na realidade nacional.

Enquanto Marcelo falou, o silêncio na sala foi total. Não por ele ser Presidente da República, mas por saber ser próximo de quem o ouve e está à sua volta. Por estar ali inteiro, por ter capacidade de ouvir e dialogar, por também ele ser sensível à sensibilidade dos outros, e por ter tido a inteligência de se interessar antes sobre o que se tinha passado ao longo da tarde. Ainda antes de chegar ao palco fez perguntas nos bastidores, ouviu as respostas e, graças à sua prodigiosa memória e rapidez de processamento de toda a informação recebida enquanto descia os degraus que o conduziram ao auditório, conseguiu com naturalidade e sem artificialismos fazer todos os sublinhados essenciais do que tinha sido dito antes dele, sem falhar rigorosamente nada. Impressiona sempre ver alguém que se interessa pelos outros ao ponto de não deixar que o seu ego se sobreponha à personalidade dos que estavam realmente ali a ser celebrados. Desde logo, os finalistas do concurso FAZ, mas também os sete oradores anteriores, que vieram dos quatro cantos do mundo para estarem ali àquela hora.

Sou jornalista e, como tantos outros, também muitas vezes conferencista; dou aulas e participo em mil palestras e encontros; conheço bem a realidade do ‘Portugal sentado’ a que nos obrigam muitos oradores quando desatam a falar sem conseguirem terminar. Sofro muitíssimo — como todos sofremos muitíssimo! — com esta ‘conferencite aguda’ que assolou o país nas últimas décadas, especialmente por sermos um povo que não foi ensinado a comunicar. Morro de tédio sempre que alguém sobe ao palco com dezenas de folhas agrafadas para ler a sua comunicação, começando por anunciar que vai dizer ‘apenas umas breves palavras’. Pertenço ao movimento mundial contra o power point por não aguentar estar numa sala sentada horas a fio, de pernas encolhidas e entaladas entre filas (pior que num avião em viagem low cost, pois ali sempre podemos andar a passear pelo corredor enquanto dura o voo), a ouvir alguém debitar no palco toda a informação que traz escrita e projecta ao mesmo tempo num écrã gigante. Detesto especialmente a atitude displicente das pessoas que ultrapassam o tempo que lhes é dado para falarem, ignorando olimpicamente os bocejos da plateia e o desconforto evidente dos restantes oradores, que ficam plantados no palco em silêncio, sem cara nem figura. Enfim, por tudo isto, mas em especial porque a inteligência mais completa passa por saber comunicar opiniões, ideias, convicções e projectos de forma clara e incisiva, o exemplo de Marcelo dá que pensar.

Usa palavras simples, vai ao concreto das pessoas e projectos, não divaga, não se esquece do que quer dizer nem perde o fio à meada, interpela os presentes, fala com eles olhos nos olhos, diz graças, mas também se comove e é capaz de perceber a motivação de fundo de quem tem à sua frente. Abraçou as vencedoras do concurso que criaram o Ocean Alive, todas elas mulheres pescadoras do estuário do Sado, justamente premiadas pelo seu extraordinário contributo para a educação, a preservação e a valorização do mar e das pradarias marinhas; todas elas mulheres capazes de rir e chorar no seu ombro, como chorariam no ombro de um amigo ou um familiar. Vi o que todos vimos: o próprio Presidente da República a limpar as lágrimas destas mulheres cheias de bravura, a abraçá-las uma e outra vez, dizendo-lhes palavras de incentivo e pedindo-lhes que não deixem de ser quem são, nem de fazerem o que fazem, da maneira como o fazem.

Por enquanto Marcelo está como PR (ser Presidente é mais uma conjugação do verbo estar, do que do verbo ser), mas não sei se mais à frente não devia fundar uma escola, uma academia onde o treino fundamental fosse comunicar claro, ser conciso e humanizar através da palavra. A sua autenticidade e a sua originalidade marcam todos os que o conhecem, e goste-se ou não das suas opções políticas, da maneira como gere a sua agenda ou da forma hectic como vive e trabalha, na verdade Marcelo é um caso-estudo em matéria de Comunicação e Soft Skills. Não houve ninguém entre as centenas de pessoas sentadas durante horas a fio naquele grande auditório (note-se que não existiu nenhum intervalo entre os oradores e o PR) que revelasse desconforto ou vontade de sair. E também não houve ninguém que não batesse palmas como se quisessem que Marcelo voltasse para um encore.

Foi uma tarde memorável, mas aquilo que mais impressionou a seguir aos oradores e vencedores, foi este talento único de um chefe de Estado capaz de permanecer próximo e atento ao essencial, sem olhar para o que trazia escrito. Não sei se ele faz sempre isto de pedir que lhe resumam exactamente o que aconteceu antes de começar a discursar, mas o meu conselho é que nunca mais deixe de o fazer, porque o seu improviso é mil vezes melhor, e tem mil vezes mais impacto, do que quaisquer palavras escritas por qualquer assessor de Belém, por mais eloquente e preparado que seja.

Nada é mais marcante, transformador e cativante que a ‘terrível autenticidade’, sublinhada por Tolentino Mendonça (outro génio da oratória) na Feira do Livro, este fim de semana. Mas sobre este falarei depois.

Laurinda Alves
7/6/2016, 8:01
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