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Conhecimento e economia
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Conhecimento e economia
Foram conhecidos na semana passada os resultados do ranking de Xangai que colocam, pela primeira vez, cinco universidades portuguesas nessa classificação das 500 melhores instituições do Mundo inteiro. Porque se trata do ranking mais antigo e um dos mais seguidos, o desfecho é muito prestigiante. Sendo as duas universidades que entraram, agora, de média dimensão e recentes, o facto é ainda mais positivo já que os critérios de seriação favorecem quem é maior e tem mais tradição. E uma vez que os indicadores que determinam a listagem são essencialmente baseados na investigação, o resultado obtido demonstra a qualidade e a quantidade da produção de conhecimento novo que é realizada em Portugal. Muito em concreto falamos, para além do total de artigos publicados, da dimensão do grupo de investigadores que são altamente citados e do número de publicações em revistas de excelência, com grande impacto, tais como Science e Nature.
Tendo em conta que 500 representam menos de 3% das instituições de Ensino Superior em todo o Mundo, pode-se aferir do mérito das universidades referenciadas e, por extrapolação, do valor do conjunto universitário público português no seu todo. Nada que não soubéssemos já. Este resultado vem apenas confirmar, se necessário fosse, o que vários outros rankings vêm sucessivamente apontando: que poucas áreas do país se podem orgulhar de um tal posicionamento no contexto global.
Mas se trago este assunto para aqui não é para fazer a apologia de uma causa própria. É, antes, para suscitar a questão fulcral: com tanto e tão bom conhecimento produzido, como é que chega tão pouco à economia? É verdade que a capacidade instalada nas universidades assegura o efeito de "Escola", que é determinante na consolidação das dinâmicas institucionais, fundamental na atração de alunos e de parcerias internacionais; e, principalmente, decisivo na qualidade da formação dos nossos jovens e nas oportunidades de carreira que lhes proporcionamos, cá dentro ou no resto do Mundo. Mas, repito, não seria possível aproveitar muito mais e muito melhor essa capacidade existente e essa quantidade de novas ideias desenvolvidas intramuros? É óbvio que sim; e é imperativo que garantamos que assim seja.
Não há dúvida que as próprias instituições de Ensino Superior devem assumir as suas responsabilidades e têm-no feito, umas mais outras menos. Os estágios e projetos em contexto de trabalho têm aumentado muito. Tem havido um esforço no registo de patentes e marcas e têm-se multiplicado as unidades de transferência de tecnologia. Um número crescente de empresas - mas quase sempre as maiores e as mais bem estabelecidas - tem-se aproximado das universidades e contratado com elas investigação e desenvolvimento. A incubação de novas empresas prossegue com o acrescido envolvimento de autarquias, como é bom exemplo a Incubadora de Empresas da Região de Aveiro. Algumas situações são, todavia, dececionantes, como seja o caso do programa de incentivos à colocação de doutorados em empresas que teve zero candidatos na Região Centro e muito poucos a nível nacional: caso bem revelador do défice de perceção da importância do conhecimento no desenvolvimento de novos produtos, no aparecimento de ideias com maior valor acrescentado, na incorporação de métodos de gestão inovadores, na melhor capacitação para exportar mais.
Tudo somado, aspetos positivos e negativos, é manifesto que não está a chegar à economia uma proporção razoável do que temos sabido juntar em pesquisa de excelência. Podia falar do que não acontece relativamente a esse nosso grande tesouro que é o mar; ou na interface entre saúde e tecnologias; ou em tantíssimas possibilidades na área da economia social; ou na própria qualificação das políticas públicas. Será, certamente, necessário um maior empenho de todo os atores: dos antigos alunos, hoje licenciados, mestres ou doutores, que se encontram em posição privilegiada para melhor incorporar conhecimento na economia; dos empresários e empreendedores; das instituições de capital de risco; dos mecenas; das pessoas - através de uma maior participação e exigência; e, forçosamente, de programas de Estado mais bem desenhados, mais certeiros e mais bem coordenados, com visão de médio e longo prazos. É possível que este casamento em português, entre conhecimento e economia, seja mais feliz e dê mais frutos.
*REITOR DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO
Manuel António Assunção*
Hoje às 00:05, atualizado às 10:00
Jornal de Noticias
Tendo em conta que 500 representam menos de 3% das instituições de Ensino Superior em todo o Mundo, pode-se aferir do mérito das universidades referenciadas e, por extrapolação, do valor do conjunto universitário público português no seu todo. Nada que não soubéssemos já. Este resultado vem apenas confirmar, se necessário fosse, o que vários outros rankings vêm sucessivamente apontando: que poucas áreas do país se podem orgulhar de um tal posicionamento no contexto global.
Mas se trago este assunto para aqui não é para fazer a apologia de uma causa própria. É, antes, para suscitar a questão fulcral: com tanto e tão bom conhecimento produzido, como é que chega tão pouco à economia? É verdade que a capacidade instalada nas universidades assegura o efeito de "Escola", que é determinante na consolidação das dinâmicas institucionais, fundamental na atração de alunos e de parcerias internacionais; e, principalmente, decisivo na qualidade da formação dos nossos jovens e nas oportunidades de carreira que lhes proporcionamos, cá dentro ou no resto do Mundo. Mas, repito, não seria possível aproveitar muito mais e muito melhor essa capacidade existente e essa quantidade de novas ideias desenvolvidas intramuros? É óbvio que sim; e é imperativo que garantamos que assim seja.
Não há dúvida que as próprias instituições de Ensino Superior devem assumir as suas responsabilidades e têm-no feito, umas mais outras menos. Os estágios e projetos em contexto de trabalho têm aumentado muito. Tem havido um esforço no registo de patentes e marcas e têm-se multiplicado as unidades de transferência de tecnologia. Um número crescente de empresas - mas quase sempre as maiores e as mais bem estabelecidas - tem-se aproximado das universidades e contratado com elas investigação e desenvolvimento. A incubação de novas empresas prossegue com o acrescido envolvimento de autarquias, como é bom exemplo a Incubadora de Empresas da Região de Aveiro. Algumas situações são, todavia, dececionantes, como seja o caso do programa de incentivos à colocação de doutorados em empresas que teve zero candidatos na Região Centro e muito poucos a nível nacional: caso bem revelador do défice de perceção da importância do conhecimento no desenvolvimento de novos produtos, no aparecimento de ideias com maior valor acrescentado, na incorporação de métodos de gestão inovadores, na melhor capacitação para exportar mais.
Tudo somado, aspetos positivos e negativos, é manifesto que não está a chegar à economia uma proporção razoável do que temos sabido juntar em pesquisa de excelência. Podia falar do que não acontece relativamente a esse nosso grande tesouro que é o mar; ou na interface entre saúde e tecnologias; ou em tantíssimas possibilidades na área da economia social; ou na própria qualificação das políticas públicas. Será, certamente, necessário um maior empenho de todo os atores: dos antigos alunos, hoje licenciados, mestres ou doutores, que se encontram em posição privilegiada para melhor incorporar conhecimento na economia; dos empresários e empreendedores; das instituições de capital de risco; dos mecenas; das pessoas - através de uma maior participação e exigência; e, forçosamente, de programas de Estado mais bem desenhados, mais certeiros e mais bem coordenados, com visão de médio e longo prazos. É possível que este casamento em português, entre conhecimento e economia, seja mais feliz e dê mais frutos.
*REITOR DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO
Manuel António Assunção*
Hoje às 00:05, atualizado às 10:00
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