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O velho burro do Tobias
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O velho burro do Tobias
Pobre que não tem vintém até o ladrão pena dele tem
A riqueza é irmã gémea da discórdia
Conta-se que, em tempos idos, um pequeno comerciante, Tobias, ganhava a vida arduamente, de feira em feira, montado na albarda do seu velho burro. Porque nada gastava e muito amealhava, Tobias acumulou uma pequena fortuna, apesar de continuar sempre a trabalhar. No entanto, a riqueza é irmã gémea da discórdia, sempre assim foi e sempre assim será. Os três filhos do Tobias nunca se sentaram na albarda do burro, o trabalho não era com eles. Enquanto o pai juntava fortuna, os filhos acumulavam dívidas. A certa altura, desentenderam-se e os filhos furtaram quase toda a fortuna ao pai e cada um foi à sua vida.
A fortuna da pobreza é parente
Os credores dos filhos apareceram e retiraram tudo o que restava ao pai. O pobre comerciante, em poucos dias, ficou na miséria. Tobias abandonado, idoso e ainda mais desgostoso, continuou a deambular de terra em terra, agora, a pedir esmola. O burro era o seu único bem e a sua companhia. Ambos andavam a pé, porque o burro, já muito velho, mal podia com a albarda e ainda carregava as mágoas do seu dono. Os filhos nada mais quiseram saber do pai, nem mesmo quando este morreu se dignaram comparecer no funeral. Tobias foi sepultado como se um animal se tratasse.
Testamento do burro ao rei
Para surpresa da aldeia, o escrivão da câmara deu público conhecimento de que Tobias deixou em testamento o seu burro e albarda ao rei, para que este os utilizasse em benefício dos pobres.
De início, todos acharam tal herança ridícula e a galhofa contaminou a aldeia porque o burro não servia para nada.
Mas, o animal era agora propriedade do rei, não podia ser abandonado, apenas o rei lhe podia dar destino. O burro velho quase morria de fome, já nem conseguia levantar-se com o peso da idade e da albarda, quando os criados do rei o encontraram. Ao retirarem a sela para aliviarem o animal, qual a surpresa dos criados ao encontraram um tesouro escondido nos forros da albarda com muitas moedas em ouro que nem as conseguiam contar.
Burro velho só gasta dinheiro
Há muito tempo, ao aperceber-se da intenção dos filhos, Tobias escondera a fortuna na albarda do burro. Nesta os filhos nunca se sentavam, porque o burro era utilizado para trabalho, coisa que detestavam.
Tobias, afinal, nunca estivera na miséria, mendigava por disfarce para que não o roubassem. O velho burro era o cofre mais seguro do mundo. Como pensavam que Tobias era pobre, ninguém o incomodava. Como diz o povo:
“Burro velho só gasta dinheiro” e “pobre que não tem vintém até o ladrão pena dele tem”.
Não desprezes o teu pobre pai e mãe, porque a pobre poderás chegar também.
Quando a notícia se espalhou, pobres de todas as bandas acorreram ao paço real. Diz-se que entre estes pobres encontravam-se, também, os filhos do próprio Tobias à espera de algumas migalhas da fortuna que, afinal, seria sua se não tivessem abandonado o seu velho pai.
João Luis Gonçalves
Diário de Notícias da Madeira
Quarta, 31 de Agosto de 2016
Conta-se que, em tempos idos, um pequeno comerciante, Tobias, ganhava a vida arduamente, de feira em feira, montado na albarda do seu velho burro. Porque nada gastava e muito amealhava, Tobias acumulou uma pequena fortuna, apesar de continuar sempre a trabalhar. No entanto, a riqueza é irmã gémea da discórdia, sempre assim foi e sempre assim será. Os três filhos do Tobias nunca se sentaram na albarda do burro, o trabalho não era com eles. Enquanto o pai juntava fortuna, os filhos acumulavam dívidas. A certa altura, desentenderam-se e os filhos furtaram quase toda a fortuna ao pai e cada um foi à sua vida.
A fortuna da pobreza é parente
Os credores dos filhos apareceram e retiraram tudo o que restava ao pai. O pobre comerciante, em poucos dias, ficou na miséria. Tobias abandonado, idoso e ainda mais desgostoso, continuou a deambular de terra em terra, agora, a pedir esmola. O burro era o seu único bem e a sua companhia. Ambos andavam a pé, porque o burro, já muito velho, mal podia com a albarda e ainda carregava as mágoas do seu dono. Os filhos nada mais quiseram saber do pai, nem mesmo quando este morreu se dignaram comparecer no funeral. Tobias foi sepultado como se um animal se tratasse.
Testamento do burro ao rei
Para surpresa da aldeia, o escrivão da câmara deu público conhecimento de que Tobias deixou em testamento o seu burro e albarda ao rei, para que este os utilizasse em benefício dos pobres.
De início, todos acharam tal herança ridícula e a galhofa contaminou a aldeia porque o burro não servia para nada.
Mas, o animal era agora propriedade do rei, não podia ser abandonado, apenas o rei lhe podia dar destino. O burro velho quase morria de fome, já nem conseguia levantar-se com o peso da idade e da albarda, quando os criados do rei o encontraram. Ao retirarem a sela para aliviarem o animal, qual a surpresa dos criados ao encontraram um tesouro escondido nos forros da albarda com muitas moedas em ouro que nem as conseguiam contar.
Burro velho só gasta dinheiro
Há muito tempo, ao aperceber-se da intenção dos filhos, Tobias escondera a fortuna na albarda do burro. Nesta os filhos nunca se sentavam, porque o burro era utilizado para trabalho, coisa que detestavam.
Tobias, afinal, nunca estivera na miséria, mendigava por disfarce para que não o roubassem. O velho burro era o cofre mais seguro do mundo. Como pensavam que Tobias era pobre, ninguém o incomodava. Como diz o povo:
“Burro velho só gasta dinheiro” e “pobre que não tem vintém até o ladrão pena dele tem”.
Não desprezes o teu pobre pai e mãe, porque a pobre poderás chegar também.
Quando a notícia se espalhou, pobres de todas as bandas acorreram ao paço real. Diz-se que entre estes pobres encontravam-se, também, os filhos do próprio Tobias à espera de algumas migalhas da fortuna que, afinal, seria sua se não tivessem abandonado o seu velho pai.
João Luis Gonçalves
Diário de Notícias da Madeira
Quarta, 31 de Agosto de 2016
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