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A lição do chavismo
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A lição do chavismo
O caso de Hugo Chavéz recorda-nos que os demagogos podem em poucos anos arruinar os países mais ricos, levar ao retrocesso sociedades desenvolvidas e fazer resvalar os homensà condição de bestas ferozes
Faz falta um sopro de lucidez que varra este planeta de alto a baixo e nos devolva a esperança e o bom senso.
Enfrentamos perigos e problemas de tamanha dimensão que ficar a discutir se a administração norte-americana aprendeu alguma coisa com a impertinência da doutina do big stick ou de desaires em terreno de operações como a Somália, o Afeganistão, o Iraque, a chamar a atenção para a necessidade de ponderar os limites da arrogância, ou até mesmo os tweets presidenciais, enquanto os problemas se acumulam é verdadeiro suicídio.
Larry Diamond, sociólogo da universidade de Stanford, cunhou a expressão “recessão democrática” para descrever a última década. Há no mundo inteiro menos países a viver em democracia. Nos que se mantêm, é a qualidade de governação que se tem vindo a deteriorar.
Um editorial do “Le Point” questionava recentemente a razão pela qual Marine Le Pen não faz campanha eleitoral. “Porque não precisa. A violência urbana, a ameaça terrorista, a desestruturação social , o crescendo de proteccionismo , o sentimento de impotência da sociedade” fazem campanha por ela.
A França, tal como o Reino Unido e os Estados Unidos, vive uma crise de nervos social e identitária. À força de refutar o real e isto não é uma especificidade francesa – a esquerda europeia fê-lo ao permanecer agarrada a velhos dogmas e populismos fáceis, não encontrando resposta para as questões da imigração e da questões de segurança a ela associadas, nem aceitando a falência do modelo social europeu, a direita ao ser complacente com um capitalismo moralmente pervertido e socialmente insustentável – criaram-se ogres como Geert Wilders e Marine Le Pen. A estratégia da demonização não resulta com estes populismos, tem um efeito de bumerangue, dando-lhes uma aura de mártires, pelo que as primeiras salvas da batalha de ideias se devem centrar nos programas económicos.
A falência da Venezuela é muito instrutiva em relação aos perigos da demagogia. Em 2010 Hugo Chavez declarava na cimeira do G20 em Toronto que “o capitalismo é uma máquina infernal que produz a cada minuto uma quantidade impressionante pobres”.
Na realidade em 25 anos a globalização fez sair da pobreza 1,2 mil milhões de pessoas. Em dezoito anos a revolução bolivariana arruinou o país que possui as primeiras reservas petrolíferas do mundo, 300 mil milhões de barris contra 270 mil da Arábia Saudita. Há 35 anos a Venezuela era o país mais rico da América Latina. Atualmente candidata-se a tornar-se no mais pobre. Olhe-se para os números que comandam a marcha das coisas: em 2016 o FMI assinala uma queda de 10%, no PIB, o maior retrocesso a nível mundial, e a recessão em 2017 será igualmente forte. A inflação é de 475 %. Morrem nos hospitais doentes por falta de medicamentos e materiais. As empresas param por falta de energia e peças. Faltam alimentos básicos. A violência extrema gangrena sociedade (6 mil homicídios por ano só em Caracas). Nada disto é novidade para quem leia os jornais.
A Venezuela não é vítima da “maldição das matérias primas”, mas sobretudo de uma loucura ideológica. Se é verdade que o chavismo incorporou as massas pobres na cena política, também é um facto que chavismo” destruiu a “galinha dos ovos de ouro”, a Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), como nota Jorge Almeida Fernandes. Após a derrota da greve nacional dirigida contra Chávez pelos sindicatos do petróleo em 2002-3, a elite dos trabalhadores (75%) foi substituída por chavistas fiéis. Na era das “vacas gordas”, o petróleo financiou as políticas sociais de Hugo Chávez porém o futuro não foi preservado. Quando o presidente morreu, em 2013, a degradação da PDVSA já era notória e a produção descia por falta de reinvestimento e de manutenção. A produção caiu para metade, triplicou o número de trabalhadores.
Hugo Chavéz e o seu legado recorda-nos que os demagogos podem em poucos anos arruinar os países mais ricos, fazer retroceder sociedades desenvolvidas e resvalar os homens à condição de bestas ferozes.
Escreve à segunda-feira
27/02/2017
Helena Ferro De Gouveia
Cronista
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
Faz falta um sopro de lucidez que varra este planeta de alto a baixo e nos devolva a esperança e o bom senso.
Enfrentamos perigos e problemas de tamanha dimensão que ficar a discutir se a administração norte-americana aprendeu alguma coisa com a impertinência da doutina do big stick ou de desaires em terreno de operações como a Somália, o Afeganistão, o Iraque, a chamar a atenção para a necessidade de ponderar os limites da arrogância, ou até mesmo os tweets presidenciais, enquanto os problemas se acumulam é verdadeiro suicídio.
Larry Diamond, sociólogo da universidade de Stanford, cunhou a expressão “recessão democrática” para descrever a última década. Há no mundo inteiro menos países a viver em democracia. Nos que se mantêm, é a qualidade de governação que se tem vindo a deteriorar.
Um editorial do “Le Point” questionava recentemente a razão pela qual Marine Le Pen não faz campanha eleitoral. “Porque não precisa. A violência urbana, a ameaça terrorista, a desestruturação social , o crescendo de proteccionismo , o sentimento de impotência da sociedade” fazem campanha por ela.
A França, tal como o Reino Unido e os Estados Unidos, vive uma crise de nervos social e identitária. À força de refutar o real e isto não é uma especificidade francesa – a esquerda europeia fê-lo ao permanecer agarrada a velhos dogmas e populismos fáceis, não encontrando resposta para as questões da imigração e da questões de segurança a ela associadas, nem aceitando a falência do modelo social europeu, a direita ao ser complacente com um capitalismo moralmente pervertido e socialmente insustentável – criaram-se ogres como Geert Wilders e Marine Le Pen. A estratégia da demonização não resulta com estes populismos, tem um efeito de bumerangue, dando-lhes uma aura de mártires, pelo que as primeiras salvas da batalha de ideias se devem centrar nos programas económicos.
A falência da Venezuela é muito instrutiva em relação aos perigos da demagogia. Em 2010 Hugo Chavez declarava na cimeira do G20 em Toronto que “o capitalismo é uma máquina infernal que produz a cada minuto uma quantidade impressionante pobres”.
Na realidade em 25 anos a globalização fez sair da pobreza 1,2 mil milhões de pessoas. Em dezoito anos a revolução bolivariana arruinou o país que possui as primeiras reservas petrolíferas do mundo, 300 mil milhões de barris contra 270 mil da Arábia Saudita. Há 35 anos a Venezuela era o país mais rico da América Latina. Atualmente candidata-se a tornar-se no mais pobre. Olhe-se para os números que comandam a marcha das coisas: em 2016 o FMI assinala uma queda de 10%, no PIB, o maior retrocesso a nível mundial, e a recessão em 2017 será igualmente forte. A inflação é de 475 %. Morrem nos hospitais doentes por falta de medicamentos e materiais. As empresas param por falta de energia e peças. Faltam alimentos básicos. A violência extrema gangrena sociedade (6 mil homicídios por ano só em Caracas). Nada disto é novidade para quem leia os jornais.
A Venezuela não é vítima da “maldição das matérias primas”, mas sobretudo de uma loucura ideológica. Se é verdade que o chavismo incorporou as massas pobres na cena política, também é um facto que chavismo” destruiu a “galinha dos ovos de ouro”, a Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), como nota Jorge Almeida Fernandes. Após a derrota da greve nacional dirigida contra Chávez pelos sindicatos do petróleo em 2002-3, a elite dos trabalhadores (75%) foi substituída por chavistas fiéis. Na era das “vacas gordas”, o petróleo financiou as políticas sociais de Hugo Chávez porém o futuro não foi preservado. Quando o presidente morreu, em 2013, a degradação da PDVSA já era notória e a produção descia por falta de reinvestimento e de manutenção. A produção caiu para metade, triplicou o número de trabalhadores.
Hugo Chavéz e o seu legado recorda-nos que os demagogos podem em poucos anos arruinar os países mais ricos, fazer retroceder sociedades desenvolvidas e resvalar os homens à condição de bestas ferozes.
Escreve à segunda-feira
27/02/2017
Helena Ferro De Gouveia
Cronista
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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