A lição do TGV

Estamos a meses de mais um acto eleitoral crítico e, agora que sabemos que um projecto megalómano já custou 150 milhões de euros aos contribuintes e poderá vir a custar até 345 milhões, sem nunca ter chegado sequer ao terreno, convém que não se repitam os erros do passado. Não, não é um problema de investimento público, é um problema de decisão de investimento sem qualquer avaliação realista de custo-benefício. O recurso ao dinheiro dos contribuintes torna, claro, tudo muito mais grave, e explica por que é que Portugal foi obrigado a recorrer à ajuda externa em 2011. 

Este TGV ficou no papel, quantos foram inaugurados e continuam a perder dinheiro?

O TGV foi travado, e bem, por Pedro Passos Coelho. Ficou-nos a factura.

Agora que os partidos que suportam o Governo - o PSD e o CDS - e o maior partido da Oposição entram em regime de pre-campanha, não nos devemos esquecer do TGV, devemos tê-lo sempre como referência do que não deve ser feito, nem aceite. Os eleitores têm o poder de aceitar ou rejeitar propostas eleitorais. Devem exigir contas, o deve-e-haver de cada decisão, o seu modelo de financiamento e o que traz à sociedade, seja por razões económico-financeiras, seja por motivos de solidariedade, geracional, regional ou de outra ordem. Como? No dia do voto.


António Costa
06/01/15 15.00 h
Económico