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O poder de governar
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O poder de governar
Nesta data de celebração dos 60 anos da União Europeia, uma estrutura complexa, mal conhecida das sociedades civis, e ainda sem conceito estratégico, com sinais de hierarquização dos Estados membros, e outros de enfraquecimento e mesmo abandono do projeto, eram dispensáveis, para complicar opções de metas, as ações vindas da circunstância exterior, de regra mal tomada em conta, que agridem a organização. Primeiro a Rússia, que lembra pela política, não apenas verbal, do seu governo de Putin, que, depois de recorrer à ação armada, explicou claramente, rodeado dos seus generais, que a fronteira de interesses da Rússia é mais vasta do que a fronteira geográfica. A imagem do Império do Meio parece a mais aproximada da essência do discurso. O Próximo Oriente, onde a sua política não é geralmente relacionada pelos observadores com qualquer dependência dos hidrocarbonetos, parece antes uma busca de proeminência, acentuada depois do fim da Guerra Fria, com especial incidência em relação à Arábia Saudita e às soberanias do Golfo, sem esquecer a intervenção militar na Síria, a desaparecer em ruínas e a tornar cada vez mais difícil uma resposta uniforme dos Estados da União às exigências, ao mesmo tempo de segurança e humanitárias. Isto coincidindo com o que foi chamado a "doutrina Obama" para o Próximo Oriente, o qual, no seu exercício, praticou e proclamou que o uso da força não é sempre a melhor solução, preferindo o soft power, e crendo que a Ásia chama mais a atenção e o interesse.
Nesta data é problemático o pensamento, se algum, da nova presidência americana, mesmo em relação ao Atlântico. De seguro temos a intervenção do presidente Erdogan da Turquia, aliada na NATO, e pretendente a membro da União, subitamente virado para políticas que os benevolentes chamam "política errática", parecendo disposto a abandonar a ocidentalização e democratização do país pelo modelo Atatürk que, tendo em vista a América Latina, Fraga Iribarne chamou regime de "força tarefa" militar, de que hoje dificilmente encontraria regimes moldáveis por esse democratizante modelo. Depois da repressão dos adversários com dimensão extraordinária, e do reforço do poder pessoal, a frustração do seu original projeto de percorrer os países onde a imigração turca tem relevo, a fazer propaganda da sua candidatura presidencial, reforça a originalidade de pensamento incitando essas comunidades turcas no estrangeiro a multiplicarem os filhos dos casais (aconselha cinco) para repovoar a Europa, talvez tendo em vista a extensão do antigo Império. Não parece que as relações entre o seu governo e o governo russo sejam exemplarmente amistosas, mas também é visível que a Europa não é dos poderes mais atentamente interventores na definição de políticas que tomem em conta os efeitos desta agitação da circunstância que a rodeia. Na qual o tema mais inquietante continua a ser o de Israel-Palestina, do qual parece alhear-se, sem tomar em conta que o turbilhão muçulmano não avulta apenas pelas migrações e suas causas, designadamente a guerra interna dos países, mas também por ser uma situação que não diminui o efeito do problema da Palestina no sentimento dos seus afins.
Como os conflitos armados desempenham uma causa motora do que acontece, transformar o Mediterrâneo num cemitério, e a região num tumulto, a pergunta para tal desordem, em face da tão complexa pirâmide de organismos internacionais que possuímos vinculados a servir a paz, sobressaindo o Conselho de Segurança, é a de saber quem realmente governa o mundo, não na vertente de proclamar valores, mas na capacidade de alimentar a desordem armada. Os sintomas visíveis vão no sentido de que não são apenas os Estados e as suas organizações regionalizadas. O enfraquecimento da solidez interna da União, cada dia mais visível enquanto os debates partidários para as eleições que se aproximam comprovam a erosão do espírito dos fundadores, também a solidariedade atlântica não mostra a firmeza do passado, parecendo inspirar-se na crença de que Deus colocou o Atlântico a separar a América dos contágios europeus. É uma atitude monetarista tão longe do pensamento de Roosevelt como os divisionistas dos países da União estão das inspirações dos fundadores. Dos que esqueceram as responsabilidades pelas duas Guerras Mundiais, esquecimento bem lembrado para evitar qualquer repetição. O ambiente suscita a questão de saber quem governa a desordem em crescimento, aceitando que não é possível negar a evidência, pelos efeitos, de que nem todo o poder pertence a centros políticos identificados e reconhecidos. A inidentidade alastra, tão premente quanto a desordem se instala.
29 DE MARÇO DE 2017
00:00
Adriano Moreira
Diário de Notícias
Nesta data é problemático o pensamento, se algum, da nova presidência americana, mesmo em relação ao Atlântico. De seguro temos a intervenção do presidente Erdogan da Turquia, aliada na NATO, e pretendente a membro da União, subitamente virado para políticas que os benevolentes chamam "política errática", parecendo disposto a abandonar a ocidentalização e democratização do país pelo modelo Atatürk que, tendo em vista a América Latina, Fraga Iribarne chamou regime de "força tarefa" militar, de que hoje dificilmente encontraria regimes moldáveis por esse democratizante modelo. Depois da repressão dos adversários com dimensão extraordinária, e do reforço do poder pessoal, a frustração do seu original projeto de percorrer os países onde a imigração turca tem relevo, a fazer propaganda da sua candidatura presidencial, reforça a originalidade de pensamento incitando essas comunidades turcas no estrangeiro a multiplicarem os filhos dos casais (aconselha cinco) para repovoar a Europa, talvez tendo em vista a extensão do antigo Império. Não parece que as relações entre o seu governo e o governo russo sejam exemplarmente amistosas, mas também é visível que a Europa não é dos poderes mais atentamente interventores na definição de políticas que tomem em conta os efeitos desta agitação da circunstância que a rodeia. Na qual o tema mais inquietante continua a ser o de Israel-Palestina, do qual parece alhear-se, sem tomar em conta que o turbilhão muçulmano não avulta apenas pelas migrações e suas causas, designadamente a guerra interna dos países, mas também por ser uma situação que não diminui o efeito do problema da Palestina no sentimento dos seus afins.
Como os conflitos armados desempenham uma causa motora do que acontece, transformar o Mediterrâneo num cemitério, e a região num tumulto, a pergunta para tal desordem, em face da tão complexa pirâmide de organismos internacionais que possuímos vinculados a servir a paz, sobressaindo o Conselho de Segurança, é a de saber quem realmente governa o mundo, não na vertente de proclamar valores, mas na capacidade de alimentar a desordem armada. Os sintomas visíveis vão no sentido de que não são apenas os Estados e as suas organizações regionalizadas. O enfraquecimento da solidez interna da União, cada dia mais visível enquanto os debates partidários para as eleições que se aproximam comprovam a erosão do espírito dos fundadores, também a solidariedade atlântica não mostra a firmeza do passado, parecendo inspirar-se na crença de que Deus colocou o Atlântico a separar a América dos contágios europeus. É uma atitude monetarista tão longe do pensamento de Roosevelt como os divisionistas dos países da União estão das inspirações dos fundadores. Dos que esqueceram as responsabilidades pelas duas Guerras Mundiais, esquecimento bem lembrado para evitar qualquer repetição. O ambiente suscita a questão de saber quem governa a desordem em crescimento, aceitando que não é possível negar a evidência, pelos efeitos, de que nem todo o poder pertence a centros políticos identificados e reconhecidos. A inidentidade alastra, tão premente quanto a desordem se instala.
29 DE MARÇO DE 2017
00:00
Adriano Moreira
Diário de Notícias
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