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Senhores disto tudo?
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Senhores disto tudo?
Afinal parece que é ficção, sob um manto diáfano de fantasia colectiva. Não há DDT nenhum. Nem banqueiros, nem povo, nem regulador, muito menos Governos.
Anda tudo ao Deus dará e seja o que o Deus quiser.
Portugal tem um "piqueno" problema. É um T0 onde todos se conhecem. Seja no restaurante, no bar, na praia, na herdade ou na quinta, todos se conhecem, se relacionam, se amam e/ou odeiam e no fim todos se têm de aturam uns aos outros.
Os negócios neste País são feitos sob várias análises de risco, onde, infelizmente, demasiadas vezes o desempate é feito pelo compadrio, o amiguismo e o berço. É triste, mas é o que a realidade, dos últimos anos, nos demonstra. Como pode uma economia moderna e concorrencial funcionar assim? Vivemos debaixo de um regime de gestão de determinados interesses que controlam e influenciam os principais negócios, possibilitado por uma liquidez creditícia que era abundante. O problema revelou-se na exacta medida em que a torneira fechou.
Portugal é dominado, grosso modo, pelas mesmas famílias antes e depois do 25 de Abril, tivemos poucos players novos a entrar no mercado do poder económico. Não há volta a dar, nem negócio que não ande na órbita dos velhos e mui nobres apelidos. Será mau? Não necessariamente, desde que seja concorrencial, isto é moderado por um mercado competitivo. Os abusos e os excessos que chegam ao conhecimento de todos são o reflexo de anos de intrigas e acordos nos corredores e burburinhos que muitos sabiam, sentiram e têm que conviver. Dizia por aqui, há uns meses, que a cultura do "sempre foi assim" estava a acabar. É uma convicção que vou reforçando a cada queda e a cada novo escândalo. A nossa economia, pequena, com mercado exíguo, sem escala, não pode ficar acantonada e suportada em poucos e determinados esteios. Não sei se estamos perante um 25 de Abril económico, mas sei que os tempos estão em mudança. Foram outros tempos e outros estilos. Se prevaricaram que paguem, se cometeram crimes, que sejam julgados pela justiça, imparcial e isenta, não pelo tribunal da praça pública. Se geriram mal, então que no sector financeiro se aplique a Lei de Gresham, a moeda boa tenderá a afastar a má moeda, obsoleta e cheia de vícios. Não padeço de complexos nobiliárquicos, nem muito menos de reverência a certos apelidos. Há gente boa e má em todas as famílias, mas uma coisa é certa: não há espaço para impérios e lideranças assentes em compadrios, más práticas de gestão e relações menos claras.
Estamos ainda a pagar um preço elevado por duas políticas erradas lá atrás. As nacionalizações foram, fruto do clímax revolucionário, mal concebidas e mal geridas, as privatizações, sobretudo nalguns sectores estratégicos, uma forma equivocada de corrigir o erro original. E hoje pagamos todo este somatório de erros. No tempo certo, não conseguimos resolver assimetrias e injustiças. Não se indemnizou quem de direito, mas fizeram-se favores e constrói-se uma cultura assente em telefonemas e jantares.
O país olha atónito para a queda deste castelo de cartas. A área financeira, mormente a banca, conheceu grandes avanços de gestão, de software, de governance, mas há um tempo para tudo. E o tempo de exercer o "controlo", em circuito fechado, sobre a gestão, sem escrutínio independente apertado, não é próprio deste tempo. Conhecemos grandes líderes financeiros. Que ajudaram e muito a nossa economia a crescer, sim, bem sei que já faz parte dos livros de História, mas a nossa economia já cresceu e conheceu bons indicadores de desempenho económico e social, no entanto, esses grandes senhores devem perceber que o tempo passa, sempre e inexoravelmente, como dizia Fernando Pessoa, e ter status social, um andar luxuoso, pertencer a uma congregação religiosa ou ter um jacto privado não são condição sine qua non para comandar o nosso T0. Somos poucos, mas não podemos estar apenas nas mãos de alguns.
Os dias mais recentes reforçaram a tónica da separação entre justiça e política. Mas essa separação é também premente entre economia e política. Separação total, nada de infiltrações sub-reptícias. Sem favores, sem tratamentos diferenciados e sem negócios "pré-cozinhados". É hora de separar tudo e finalmente perceber que o poder político, democraticamente eleito e escrutinado, deve estar acima do poder económico. É também aqui que está o desafio dos agentes políticos para o futuro. Bem sei que é um assunto complicado e complexo. Que não granjeia muito entusiasmo, que retira o tapete a muitos smooth operators e põe em causa interesses instalados que resistem fortemente à mudança. Todavia urge a hora da limpeza e depuração.
Diogo Agostinho |
7:00 Segunda feira, 15 de dezembro de 2014
Expresso
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