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Os "culpados disto tudo"
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Os "culpados disto tudo"
Os media portugueses, em geral, dialogam com os rebelados com as mudanças, e com aqueles que julgam que a "revolução" da dívida pública e privada excessivas não teria consequências devastadoras.
Não é de estranhar que proliferem os comentadores agastados com a história recente do País. Nascem novos moralistas, parecendo ser uma outra espécie humana, novos extremistas, novos conservadores e, naturalmente, os "desiludidos com tudo isto". O impasse impera, e o futuro é-nos oferecido com reticências e sem convicção.
Agora é que não há mesmo vida além do défice. Os programas partidários assentam em tecnicalidades sobre as contas públicas, confrontando-se "expertises" universitárias, relegando a política para um segundo plano. Os políticos falam como economistas. A disputa partidária resvala para a universitária: quem oferece os melhores economistas e melhores CV, e não sobre quem nos oferece uma visão e ideia para Portugal e um caminho prático para combatermos no mundo global.
E o debate olvida a situação de partida. Mas, afinal o mundo mudou para quem? As famílias, as grandes, as médias e as pequenas empresas e os seus trabalhadores, as estruturas accionistas dos bancos, os pensionistas, os credores, os devedores, e os funcionários públicos foram despojadas dos seus modelos de vida. Surpreendentemente. A sociedade do aparente bem-estar parecia eterna e imutável. Os contratos constitucionais, comerciais, sociais e familiares foram rasgados nesta crise. Quem os teve de resolver, carregará este fardo de nos fazer viver uma nova realidade. Sabemos como tudo começou, mas não como terminará.
E enquanto procuramos "os culpados disto tudo", ainda há quem julgue possível voltar ao passado. Não é de estranhar que os profissionais dos media se dediquem a este exercício "quase sisifiano". A produção livresca e jornalística refugia-se na identificação dos "donos disto tudo" para poder os associar aos "culpados disto tudo". Querem-nos servir os putativos causadores numa bandeja, qual ceia bíblica, antecipando a apreciação histórica e a judicial. Confundem a violação das leis da República realizadas por agente públicos e privados com juízos sobre políticas públicas e privadas. É a moralidade das audiências.
Noutros tempos, o exílio, o desterro, as execuções, as penitências, os assassinatos, os arrependimentos públicos ou forçados serviam de escape de uma sociedade que errou por tolerar e participar por acção ou omissão numa desgraça colectiva.
O arco governativo, ainda não refeito do abanão, quer dialogar com os eleitorados, mas não sabe como. Procuram diferenças onde não as há. Os novos eleitores, ou seja, exactamente as mesmas pessoas que votaram no passado, ainda não se decidiram sobre o querem manter, mudar ou sonhar. Agora convertidos pela crise produzirão os novos políticos.
Alguns eleitorados e políticos adiam desesperadamente a mudança: é uma classe conservadora à esquerda e direita que se reproduz nos media. Não é de estranhar que políticos de direita ultrapassem pela esquerda a esquerda, enquanto algumas pessoas de esquerda, ainda titubeantes, surjam à frente da direita. A Europa rica que nos fascinou é-nos apresentada como demoníaca. Não admira que nos fechemos sobre nós mesmos.
E assim dedicamo-nos a debater os "donos disto tudo" e os "culpados disto tudo", para fugirmos ao que é mais simples: fomos todos culpados disto tudo. Cada um à sua maneira e de certa forma.
O terreno mediático quer evitar o julgamento da própria sociedade que durante anos se passeou pelos jornais, e está ainda prisioneiro das relações de poder do passado. As pessoas são mais velozes do que as instituições. A reconfiguração que nos entrou pela porta adentro na vida colectiva e particular parece não ter chegado aos espaço público e aos seus media. Estes também são culpados por se manterem conservadores. Até quando?
Gestor
19 Maio 2015, 20:50 por Jorge Marrão
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