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A aposta na gestão empresarial
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A aposta na gestão empresarial
As conclusões de uma recente conferência organizada em Lisboa suscitam a oportunidade de uma breve reflexão sobre a importância de uma agenda estratégica para um verdadeiro capital empreendedor no país.
O modelo tradicional de criação de valor mudou por completo e nesta fase crítica da economia portuguesa a aposta tem que ser clara – apoiar novas empresas, de preferência de base tecnológica, assentes numa forte articulação com centros de competência e capazes de ganhar dimensão global.
Ganhar o desafio de uma nova gestão empresarial é em grande medida a demonstração da capacidade de uma nova agenda, assente na inovação, conhecimento e criatividade como factores que fazem a diferença, numa ampla base colaborativa e participativa.
O primeiro grande vetor desta afirmação da gestão empresarial passa pela ativação positiva do capital social.
Dinamizar uma cultura de participação efetiva, consolidar mecanismos de valorização da ética comportamental por parte dos diferentes actores, estabelecer uma matriz doutrinária pedagogicamente disseminada de qualificação dos princípios do rigor, respeito pela inclusão em sociedade mas aceitação dos resultados do jogo da competitividade.
Não se trata de impor social rules pré-formatadas a um país com padrões comportamentais historicamente consolidados, mas de fazer do desafio da qualificação do capital social global um exercício exigente de responsabilidade coletiva de mudança da capacidade de ir a jogo.
Tudo tem que começar por aqui. Trata-se claramente do vértice mais decisivo do “capital estratégico” que importa construir neste novo tempo. O exercício de maior selectividade dos potenciais promotores de projectos e de maior atenção operativa a uma monitorização dos resultados conseguidos terá que ser acompanhado desta acção global de qualificação sustentada da rede de atores que compõem o quadro de animação social e económica do território.
Não se realizando por decreto, não restam dúvidas que esta acção de competence building de entidades da administração pública central e local, centros de ensino e saber, empresas, associações e demais protagonistas da sociedade só tem sentido de eficácia se resultar dum exercício de “cumplicidade estratégica” entre os diferentes protagonistas.
Cabe às empresas o papel central na criação de riqueza e promoção de uma cultura sustentada de geração de valor, numa lógica de articulação permanente com universidades, centros I&D e outros atores relevantes. São por isso as empresas essenciais na tarefa de endogeneização de ativos de capital empreendedor com efeito social estruturante e a “leitura” da sua prática operativa deverá constituir um exercício de profunda exigência em termos de análise.
Tendo sido as empresas um dos atores fortemente envolvidos nas dinâmicas de financiamento comunitário ao longo destes últimos vinte anos ressaltam indícios de défice de “capital empresarial” em muitos dos protagonistas envolvidos. Torna-se por isso imperativo apostar numa agenda de mudança.
Importa construir uma matriz de reorganização operativa das empresas nacionais. Endogeneizar dinâmicas de “inovação proativa” em articulação com o mercado, geradora de novos produtos e serviços; reforçar a responsabilidade individual do empresário enquanto agente socialmente responsável pela criação de riqueza; fazer do trabalhador um “empreendedor ativo” consciente do seu papel positivo na organização; fazer da “empresa” um espaço permanente de procura da criatividade e do valor transacionável nos mercados internacionais; consolidar uma “cultura de cooperação activa” entre empresas nacionais e internacionais, pequenas e grandes, fazendo da competição positiva o grande instrumento de selecção da excelência centrado no Conhecimento.
Por Francisco Jaime Quesado,
Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública
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