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Estado da Nação
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Estado da Nação
1 A Essex é uma fábrica de componentes eletrónicos instalada na zona industrial do Neiva, Viana do Castelo, há 23 anos. Os seus 73 trabalhadores foram convocados para uma reunião, na segunda-feira passada, convencidos de que o propósito era a apresentação de um plano para o reforço da produção. O estado da nação desta gente parecia portanto prometedor. Tinham trabalho, que não existe para tantas centenas de milhares de portugueses desempregados. A ilusão desfez-se em 30 segundos, o tempo de que o diretor precisou para anunciar o encerramento da empresa, o despedimento imediato de 30 trabalhadores, e o dos restantes 43 lá mais para a frente. Enquanto isso, na Camac, a única fábrica de pneus portugueses, instalada em Santo Tirso, a agonia da nação é mais lenta, mas nem por isso menos violenta. O salário de junho ficou por pagar aos 140 trabalhadores, como já tinha acontecido com o subsídio de Natal. Não há dinheiro para pagar os vencimentos, com um valor médio de 550 euros, nem, pelos vistos, para o papel higiénico, que os trabalhadores levam de casa. "Já tenho o banco à porta e a EDP para cortar a luz. E a minha mulher está desempregada", aflige-se um dos operários. Não se percebe a razão para tanto pessimismo. Como ainda ontem garantiu Luís Montenegro, líder parlamentar social-democrata e orgulhoso do estado a que chegou a nação, "o país cresce de forma sã e há oportunidades de emprego".
2 O debate sobre o Estado da Nação não serve para avaliar o estado da nação. Muito menos quando é o último de uma legislatura, caso em que se percebe melhor que não passa de um comício. Qualquer português que queira fazer a sua avaliação usará instrumentos menos estridentes e mais independentes. Por exemplo, o que nos diz o documento ontem apresentado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos: nos últimos anos, o nível de vida dos portugueses regrediu mais de 20 anos; a carga fiscal subiu 11%, com destaque para o IRS, ou seja, o imposto sobre o trabalho; há 700 mil trabalhadores com contratos precários (um em cada cinco empregados); o Estado é sempre lesto e às vezes brutal a cobrar, mas demora em média 133 dias a pagar o que deve; foram destruídos 600 mil empregos entre 2008 e 1013, quase todos à custa da construção, agricultura e indústria; e, sem surpresa, voltamos a ser um país de emigrantes em fuga massiva da miséria. Estas sim, poderiam constituir a versão contemporânea e nacional, quer dos sete pecados capitais de que Ferro Rodrigues acusou o PSD/CDS, quer das 10 pragas do Egipto que Passos Coelho remeteu para o último Governo PS. De que ambos, PSD e PS, se deveriam penitenciar.
09.07.2015
RAFAEL BARBOS
Jornal de Notícias
2 O debate sobre o Estado da Nação não serve para avaliar o estado da nação. Muito menos quando é o último de uma legislatura, caso em que se percebe melhor que não passa de um comício. Qualquer português que queira fazer a sua avaliação usará instrumentos menos estridentes e mais independentes. Por exemplo, o que nos diz o documento ontem apresentado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos: nos últimos anos, o nível de vida dos portugueses regrediu mais de 20 anos; a carga fiscal subiu 11%, com destaque para o IRS, ou seja, o imposto sobre o trabalho; há 700 mil trabalhadores com contratos precários (um em cada cinco empregados); o Estado é sempre lesto e às vezes brutal a cobrar, mas demora em média 133 dias a pagar o que deve; foram destruídos 600 mil empregos entre 2008 e 1013, quase todos à custa da construção, agricultura e indústria; e, sem surpresa, voltamos a ser um país de emigrantes em fuga massiva da miséria. Estas sim, poderiam constituir a versão contemporânea e nacional, quer dos sete pecados capitais de que Ferro Rodrigues acusou o PSD/CDS, quer das 10 pragas do Egipto que Passos Coelho remeteu para o último Governo PS. De que ambos, PSD e PS, se deveriam penitenciar.
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