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O Estado da Nação não favorece maiorias políticas
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O Estado da Nação não favorece maiorias políticas
Se a política é um confronto com a realidade das coisas, o jogo político é uma versão diminuída desta realidade.
Foi a este jogo que assistimos ontem no debate do Estado da Nação, um ensaio para as narrativas que já ouvimos há algumas semanas e que ouviremos até às eleições legislativas em Outubro.
As duas narrativas concorrentes, a do PSD/CDS e a da oposição liderada pelo PS, completam-se. É verdade que o país está numa situação económica melhor em 2011 e que o "ajustamento" foi instrumental para isso (ninguém consegue demonstrar a viabilidade de uma alternativa que não existia, como ilustra o caso grego). E é verdade que o preço social é muito alto, que o tal "ajustamento" teve uma dureza bem superior do que a prevista inicialmente, que Portugal pagou não só pelos seus erros apontados pelo discurso moralista do Governo, mas pelos da Europa.
As votações previstas nas sondagens para os partidos do arco reflectem estas realidades parciais que propagandeiam. A coligação PSD/CDS, que teve mais de 50% dos votos em 2011, recolhe cerca de 35% no melhor cenário. E o PS, que há dois anos muitos davam como certo no próximo Governo, está longe dos 40% que permitem sonhar com uma maioria e pode, de resto, perder as eleições. O arco resiste em Portugal e valerá cerca de dois terços dos votos - mas os autores das narrativas parciais que ouvimos no fastidioso e repetitivo debate de ontem não escapam incólumes, o que abre o já muito falado risco de ingovernabilidade na próxima legislatura.
Esta recomposição dos partidos do arco acontece num contexto de risco económico relevante, com um eleitorado em stress pós-traumático. Este é um dado importante e que leva a um paradoxo interessante: os partidos da oposição, que ainda não apresentaram um programa eleitoral, conseguem ter um discurso mais coerente e politicamente eficaz do que o PS, que já divulgou amplamente o seu. Isso ficou ontem patente no debate parlamentar, no qual quem falou mais de futuro foi a coligação.
O contexto de risco externo - ampliado pela situação da Grécia - e o legado do PS levaram António Costa a credibilizar o seu programa com o relatório dos economistas.
O PS sossegou a assustadiça classe média, mas ao mesmo tempo encurtou as oportunidades para mostrar que é diferente do Governo (podia não ser assim, mesmo respeitando a restrição externa, não fosse a política portuguesa muito desqualificada e adepta das grandes questões gerais em vez do aprofundamento das políticas sectoriais concretas). Com Sócrates às costas, filas para os multibancos na Grécia e uma postura errática, Costa tem mais dificuldade em capitalizar o natural desgaste da coligação.
São estas forças políticas - os desgastados e os que ainda não convenceram, os que falam do futuro em termos vagos e que trocam acusações sobre o passado - que terão idealmente que se entender para assegurar estabilidade governativa na próxima legislatura. Overdadeiro Estado da Nação parece ter levado a isto na política: ninguém poderá governar sozinho.
00:05 h
Bruno Faria Lopes
Económico
Foi a este jogo que assistimos ontem no debate do Estado da Nação, um ensaio para as narrativas que já ouvimos há algumas semanas e que ouviremos até às eleições legislativas em Outubro.
As duas narrativas concorrentes, a do PSD/CDS e a da oposição liderada pelo PS, completam-se. É verdade que o país está numa situação económica melhor em 2011 e que o "ajustamento" foi instrumental para isso (ninguém consegue demonstrar a viabilidade de uma alternativa que não existia, como ilustra o caso grego). E é verdade que o preço social é muito alto, que o tal "ajustamento" teve uma dureza bem superior do que a prevista inicialmente, que Portugal pagou não só pelos seus erros apontados pelo discurso moralista do Governo, mas pelos da Europa.
As votações previstas nas sondagens para os partidos do arco reflectem estas realidades parciais que propagandeiam. A coligação PSD/CDS, que teve mais de 50% dos votos em 2011, recolhe cerca de 35% no melhor cenário. E o PS, que há dois anos muitos davam como certo no próximo Governo, está longe dos 40% que permitem sonhar com uma maioria e pode, de resto, perder as eleições. O arco resiste em Portugal e valerá cerca de dois terços dos votos - mas os autores das narrativas parciais que ouvimos no fastidioso e repetitivo debate de ontem não escapam incólumes, o que abre o já muito falado risco de ingovernabilidade na próxima legislatura.
Esta recomposição dos partidos do arco acontece num contexto de risco económico relevante, com um eleitorado em stress pós-traumático. Este é um dado importante e que leva a um paradoxo interessante: os partidos da oposição, que ainda não apresentaram um programa eleitoral, conseguem ter um discurso mais coerente e politicamente eficaz do que o PS, que já divulgou amplamente o seu. Isso ficou ontem patente no debate parlamentar, no qual quem falou mais de futuro foi a coligação.
O contexto de risco externo - ampliado pela situação da Grécia - e o legado do PS levaram António Costa a credibilizar o seu programa com o relatório dos economistas.
O PS sossegou a assustadiça classe média, mas ao mesmo tempo encurtou as oportunidades para mostrar que é diferente do Governo (podia não ser assim, mesmo respeitando a restrição externa, não fosse a política portuguesa muito desqualificada e adepta das grandes questões gerais em vez do aprofundamento das políticas sectoriais concretas). Com Sócrates às costas, filas para os multibancos na Grécia e uma postura errática, Costa tem mais dificuldade em capitalizar o natural desgaste da coligação.
São estas forças políticas - os desgastados e os que ainda não convenceram, os que falam do futuro em termos vagos e que trocam acusações sobre o passado - que terão idealmente que se entender para assegurar estabilidade governativa na próxima legislatura. Overdadeiro Estado da Nação parece ter levado a isto na política: ninguém poderá governar sozinho.
00:05 h
Bruno Faria Lopes
Económico
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